O livro conta a história de uma realidade escondida na cultura brasileira durante o século XIX.
João Romão, nosso personagem principal, é um pirangueiro economista que mais cobra do que paga. Vive ao lado de uma velha escrava que acredita ter sido liberta, a trabalhadora Bertoleza. Juntos conseguiram comprar um pequeno pedaço de terra, onde construíram três casinhas para alugar. Com o tempo passou a ser sempre maior virando então, o maior cortiço do Rio de Janeiro.
Branco, negro, amarelo e azul. Todo tipo de gente se encontrava lá. E por isso, a vida alheia era o assunto principal das fofoqueiras do cortiço.
Mostrando muito claramente a realidade do povo mais oprimido, este livro procura abordar fatos comuns da sociedade que sempre estão escondidos de baixo de uma saia, por exemplo.
Adorei o livro pois, representa o cotidiano das pessoas que não vemos ou simplesmente, disfarçamos a existência. Apesar do livro contar uma história fictícia senti-me presente na realidade.
E por ser uma adaptação do livro em HQ para o público mais jovem pude me sentir mais a vontade enquanto saboreava as imagens atenciosamente. E claro, não poderia deixar de destacar o fato dos desenhos representarem perfeitamente a vida do século XIX, onde luz era a do lampião, mensagem por carta e transporte à cavalo.
É um livro que mostra cenas comuns e normais do dia-a-dia, mas que podem até mesmo nos constranger ou nos fazer rir. Além disso, o livro se mostrou muito comovente para mim, principalmente a trágica morte de Bertoleza. Entretanto, o final do malicioso João Romão decepcionou-me um pouco. O livro é a prova viva de que nem todo mundo que faz o mal se "lasca" no final.
Outra característica fascinante do livro é que, O Cortiço foi o primeiro livro a expor explicitamente um caso de lesbianismo. E desta forma, causou grande impacto da época, da mesma forma que a promiscuidade presente na história também causou, e ainda causa hoje em dia, apesar de sabermos que atualmente isto é normal de se ver mas, como disse antes, parece que procuramos disfarçar a existência.
É claro que na história, os personagens são do jeito que são devido também a qualidade de vida que têm, o ambiente influenciando no comportamento das pessoas. Por viverem num lugar mais precário é mais provável que haja os maus hábitos.
É interessante também, pois o livro mostra situações que ainda hoje estão presentes nas nossas vidas, como a criação de casas amontoadas para moradia, as famosas favelas. Ou então, a árdua vida dos pobres oprimidos.
Assim, recheado de páginas com todas as confusões imagináveis, relacionamentos lésbicos, casos entre vizinhos, fofocas, brigas e encrencas, o cortiço é um Clássico da literatura brasileira que mostra muito claramente a vida do povo humilde de uma forma engraçada e interessante.
O cortiço em HQ é uma obra de Aluísio Azevedo, foi publicado em 2010, com 80 paginas, na editora Ática.
Autora desta crítica altamente interessante: Alanna Marques.
Autora desta crítica altamente interessante: Alanna Marques.
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