Era noite. Sitia-se só e uma sede infeliz o cutucava a ponta da língua. Queria whisky.
Copacabana o convidou para um bar. Não pôde recusar um pedido dela.
Havia tempos que topava consigo mesmo, ou se encontrava num bar qualquer. Sempre fora um homem só. Não apenas dos outros, mas de si mesmo. Fora absorvido, chupado, e agora nada mais restava, apenas imensidão. A ruas não lhe traziam sorrisos ou lembranças... Só abriam-lhe as cicatrizes.
Via homens jogando uma partida de dominó na frente do bar... Era uma noite de solidão. Mal se ouviam vozes e o vento encarregou-se de não chegar. Todas as pessoas, em cubículos fechados de seu próprio eu. Era assim que se sentia também.
O bar não era um bar daqueles. Mas não precisava ser. Um copo de whisky era tudo o que mais queria.
O garçom serviu-lhe calado, estava bastante longe dali.
Tomou um gole grande... Podia sentir o sangue ferver.
Queria chorar e sair dali. Nunca soube lidar com pessoas e realidade... Não queria sexo, ou drogas, ou amor. Apenas canções. E notas longas e graves de violão, queimando-o prazerosamente num canto impuro da alma. Como um bala. Uma bala de poesia alucinógena no fundo do coração.
Aliás, tolice dizer que tinha um... Perdeu-lhe a um tempo, foram os ponteiros que o levaram.
Esses filhos duma puta.
Poderia sair dali. Voltar para casa, deitar-se na cama e esperar a morte chegar, mas se é pra apostar no tempo, que o fizesse ali mesmo. No leito de um copo (quase)seco de si.
(in)alcançável, (in)calculável e só...
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